Radar SaaS – O diferencial das empresas SaaS aceleradas

Por: Time Superlógica5 Minutos de leituraEm 23/05/2017Atualizado em 25/09/2020

Quais são os principais critérios levados em consideração pelas aceleradoras ao selecionar as empresas participantes em ciclos de aceleração e o que dizem as startups que já foram aceleradas

 

Antes de começarmos a falar sobre o mercado SaaS, é necessário dar um passo atrás e abordar uma questão importante: como ter acesso a programas de aceleração. Notoriamente, as empresas SaaS não apenas marcam presença nos ciclos promovidos por aceleradoras – desde suas primeiras edições – como vêm conquistando cada vez mais espaço. O número de empresas SaaS aceleradas aumenta a cada ano. Mas esse crescimento é acompanhado de perto pela quantidade de startups que concorrem a uma vaga a cada novo ciclo, fazendo com que a concorrência seja cada vez mais voraz.

Além do mais, depois de quase uma década dos primeiros ciclos de aceleração no Brasil, muitos empreendedores já acumulam fracassos suficientes para elevar o nível de excelência e competitividade, o que torna a tarefa de se destacar ainda mais difícil. “A boa notícia é que o ecossistema cresceu e amadureceu”, comemora Felipe Matos, fundador e head de ecossistemas da aceleradora Startup Farm. A outra, não tão boa assim, é que ainda há muitos desafios pela frente, em razão do mercado nacional estar muito aquém de seu potencial.

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Para crescer forte e saudável

Normalmente, o tempo que uma empresa leva para se tornar um negócio consolidado é de aproximadamente 7 a 10 anos, a partir de seu momento de concepção. Tomando como exemplo a própria Startup Farm, os retornos das startups aceleradas no primeiro ciclo de aceleração, que aconteceu em 2011, estão sendo sentidos agora. Os resultados que elas estão trazendo apresentam grandes diferenças e mostram essa evolução.

“À medida que essas empresas crescem ou mesmo dão errado – e a maioria dá errado -, você começa a ter, também, empreendedores não mais de primeira viagem, mas gente que já foi, já tentou, já quebrou, já entendeu os desafios e que está muito mais preparada para empreender da próxima vez”, explica Matos.

Esse nível de know-how e preparo que os empreendedores estão alcançando é acompanhado por um entendimento mais amplo sobre o negócio e, com ele, sobre a necessidade de escalar e ganhar tração. Por essa razão, muitas empresas têm adotado o modelo de Software as a Service (SaaS) como uma opção atraente e segura de geração de receita recorrente.

Na visão de Renato Toi, cofundador da Baita Aceleradora, a vasta disponibilidade de plataformas com preços acessíveis combinada ao fato de que esse modelo de negócio não requerer um alto investimento inicial o tornam tão chamativo. “Como as plataformas são robustas, você consegue aumentar o volume de processamento com facilidade a um custo escalável”, comenta.




Qual SaaS leva a melhor

Com empreendedores mais bem preparados e um volume cada vez maior de empresas concorrendo a um lugar ao sol nos ciclos das principais aceleradoras do país, os critérios levados em consideração pelas bancas avaliadoras são uma informação valiosíssima. Principalmente ao considerarmos que – apesar da relevância das métricas entre os quesitos avaliados nesse processo – aspectos relacionados a uma avaliação com viés mais subjetivo têm tanto peso quanto.  

Para Paulo Braga, empreendedor e head de aceleração na Wayra, o segredo dos negócios que têm potencial para serem acelerados está no empreendedor. “Normalmente, a gente vê que as empresas que dão mais certo têm empreendedores um pouco mais velhos, mais experientes – que entendem do mercado em que estão entrando, não entram simplesmente por entrar -, e empreendedores que sempre estão querendo aprender. Isso é importante porque eles têm consciência do que não sabem, então chamam pessoas para poder complementar o time e criar alguma coisa maior”, detalha.

Esse equilíbrio entre coeficiente intelectual e inteligência emocional é o que faz a diferença na hora de compor uma equipe de sucesso. “O mais preocupante para nós é se o time tem capacidade de desenvolver o produto que se propôs”, revela Sulivan Santiago, acelerador e mentor da ACE Aceleradora. Ele explica que não é necessário ter um MVP ideal nem que esteja em sua última versão, desde que seja funcional – mas é fundamental entender se o time é equilibrado: se é muito técnico e só olha para feature, se terceiriza desenvolvimento, se entrega algo que ninguém quer. “O SaaS vai requerer uma máquina de venda transacional, por isso é importante validar qual o verdadeiro potencial de execução da equipe”, diz.

O valor da equipe para o processo também lidera a lista de critérios de André Ghignatti, diretor executivo da WOW Aceleradora, para quem o time deve ter dois fundadores, no mínimo, com competências complementares, muita determinação e capacidade de execução. Ele também coloca em pé de igualdade a importância de ter um product market fit (encaixe de mercado) bem desenvolvido. “A empresa tem de estar, de fato, resolvendo um problema real, concreto. Esse problema tem de atender um mercado suficientemente grande, para que possamos entrar, ajudar e encontrar uma saída”, conta.

Sob o olhar das aceleradas

Ainda mais difícil do que ocupar o lugar dos aceleradores é estar na pele das empresas que estão concorrendo a uma oportunidade de terem seus negócios tracionados em um ciclo de aceleração. Estar sob os holofotes e, ao mesmo tempo, lançar luz sobre um trabalho que já está em desenvolvimento requer sangue frio e jogo de cintura em igual proporção. Quando vivenciou essa experiência na pele, Gabriel Senra, CEO da Linte, sentiu o impacto de ter apenas 4 pessoas compondo sua equipe.

Dedicada a aumentar a produtividade dos advogados por meio de uma plataforma de gerenciamento de processos e contratos, a Linte é uma das aceleradas pela 500 Startups. Segundo Senra, o que levou a empresa a ser uma das escolhidas certamente foi a aderência a um problema muito grande que as empresas enfrentavam e que estava sendo solucionado de forma efetiva. “Um dos pontos cruciais é a identificação de um problema real muito grande, a solução de uma dor efetivamente comprovada. Quando nos aplicamos, o principal aspecto era se havia, de fato, product market fit e isso nós tínhamos”, afirma o empreendedor.

Para Cláudio Ferreira, COO e cofundador da Fhinck, boa parte do critério de seleção das aceleradoras parte de um time forte e de uma ideia que seja compatível com escalabilidade. “Se você tem uma ideia que vai atingir só um nicho, ela não tem impacto suficiente para fazer brilhar os olhos de uma aceleradora”, aponta.

Especializada em otimizar e automatizar operações de back office por meio de inteligência artificial, a Fhinck foi acelerada pela Startup Farm, mas não por acaso. “Da mesma forma como a questão da maturidade da empresa e do product market fit conta para a aceleradora, é essencial entender qual o valor que ela vai agregar para a sua empresa naquele momento. É uma via de mão dupla”, declara Ferreira.

Uma grande ideia – que não traz soluções efetivas para um problema genuíno e que tenha sido concebida por pessoas com pouca capacidade de realização – será sempre uma grande ideia e nada mais do que isso, principalmente em um cenário cada vez mais exigente e competitivo. Por outro lado, avaliar o potencial da aceleradora para oferecer a ajuda que sua empresa precisa e agregar o valor que ela deseja é parte da lição de casa que as startups precisam fazer antes de se aplicar nos ciclos de aceleração.



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